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A latitude e os vinhos no Mundo



Para percebermos a importância da latitude nos vinhos, temos que primeiro perceber o conceito de "terroir".

Este conceito com nome francês provém do latim "terratorium" e foi posteriormente alterado para "territoire" ou "terroire" em galo-romano.

Usado no contexto dos vinhos, serve para definir um conjunto de premissas que influenciam uma parcela de vinha e o carácter do vinho produzido a partir da mesma.
São elas:
- Clima
- Exposição solar
- Altitude
- Tipo de solo
- Ser humano (decide orientação da vinha, sistema de condução da videira, rega ou ausência de rega, poda, etc.)

Com base nesta definição mas numa escala global, e observando não só a altitude mas, também, a latitude como premissa do "terroir", juntamos à equação que:
a videira apenas se desenvolve de forma natural entre os paralelos 30º e 50º de ambos os hemisférios
,
aparecendo muito pontualmente fora destas duas faixas, por particularidades do clima local ou por introdução de técnicas vitícolas de regulação do ciclo vegetativo.


As castas também estão distribuídas geograficamente dependendo das características do "terroir".
Por exemplo, em regiões com grandes níveis de pluviosidade, são favorecidas castas de película mais grossa e resistente, de modo a evitar o fendilhamentos dos bagos e, por consequência, ataques de fungos ou outras pragas.
A adaptação das castas ao ecossistema local ou regional depende, entre outros, de vários factores, que podemos agrupar em ambientais, geológicos e económicos.

As especificidades dos diferentes "terroirs" estão também intrinsecamente ligadas na demarcação das diferentes regiões vitivinícolas. 

E, levado ao seu extremo, o conceito de "terroir" individualiza ainda cada parcela de vinha dentro de uma mesma região ou até mesmo quinta ou herdade, ou vinha. Daí encontrarmos vinhos no mercado com indicação do nome da parcela que lhes deu origem. Essa individualização dentro de uma mesma quinta ou marca indica que as características dessa parcela se diferenciam das vinhas que a rodeiam.



FACTORES AMBIENTAIS
Clima - A quantidade de sol e a precipitação (chuva) são factores variáveis anualmente e, como tal, influenciam directamente o carácter e a qualidade dos vinhos.

Latitude - A videira só tem um ciclo de vida natural entre os paralelos 30º e 50º.
Proximidade a massas de água - As regiões mais próximas a grandes massas de água possuem climas mais constantes e equilibrados.
Temperatura - Este é o factor ambiental de maior importância porque é o que mais influencia o ciclo de vida da videira (atempamento, abrolhamento, floração e vingamento, maturação *) e, consequentemente, a qualidade dos vinhos.
Ventos - Os ventos dominantes, caso existam, vão determinar a orientação a dar às videiras para que as mesmas não ofereçam resistência à sua passagem.

FACTORES GEOLÓGICOS
Declive e orientação - Quanto maior fôr o declive da encosta, maior o ângulo de incidência dos raios solares com o solo. Encostas viradas a sul no hemisfério norte, e a norte no hemisfério sul, recebem maior número de horas de sol, o que favorece a maturação das uvas.
Altitude - De grande importância, este parâmetro provoca alterações nas condições térmicas da vinha, variando muito significativamente a maturação das uvas. Proporciona iguamente abrigo e proteção aos vales, em relação aos ventos.
O tempo - Neste parâmetro, a influência ou o controlo que temos, como ser humano, é nulo. Geadas tardias na Primavera, queda de granizo no Verão, chuvas intensas e falta de sol, são todas factores susceptíveis de alterar a qualidade das uvas e de comprometer a qualidade final do vinho. 
Tipo de solo - A planta da videira vinga em quase todo o tipo de solos, mas os componentes do solo influenciam a qualidade da uva e, consequentemente, do vinho. Na constituição do solo são particularmente importantes os seguintes nutrientes: azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e ferro. Estes são absorvidos pela planta através das suas raízes. Mas, atenção, solos muito ricos induzem a planta a produzir excessivamente, quantidade essa que diminui a qualidade. Por isso, o equilíbrio no solo relativamente à matéria é muito importante. A drenagem, a fertilização, a capacidade para manter o calor ou para o dispersar são tudo factores diferenciados de cada solo: calcários, xistosos, argilosos, areia ou pedra rolada, e mistos.

FACTORES ECONÓMICOS
Completamente derivados das escolhas do ser humano, estes factores são resultantes de opções como a mecanização da poda ou da vindima, da disponibilidade e custo da mão de obra, das vias de acesso e da distância entre a vinha e a adega, do tipo de transporte a usar (refrigerado ou não) na ida das uvas para a adega, no equipamento para a prensagem, entre muitas outras... as opções, quer por escolha do enólogo/produtor quer por disponibilidade financeira, são mesmo muito variadas.



Fazer um bom vinho depende principalmente de uvas sãs e, a parte mais difícil e incerta da vida de um produtor/viticultor/enólogo é na vinha, enquanto as uvas estão na videira.
Da floração até à vindima, o desejo de todos é que a Natureza colabore da melhor maneira possível e que tudo se alinhe favoravelmente para que o resultado final seja o melhor.










* Leia aqui o artigo sobre o ciclo da videira.

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