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O CICLO BIOLÓGICO DA VIDEIRA

A videira apresenta várias fases ao longo do ano e neste artigo explicamos-lhe quais.

Como planta lenhosa perene que é, a sua vida é longa e, embora nos primeiros três anos de vida não seja muito produtiva, chega a ultrapassar os 100 anos ainda com novos florescimentos.
O seu exterior (camada dermal) é composto por tecido morto que serve para proteger o interior, onde se encontra o tecido vascular e este expande-se a cada novo ciclo de crescimento vegetativo.
A acção do homem, durante várias fases deste ciclo de vida, é crucial para que a planta seja “conduzida” e produza com qualidade e nas quantidades pretendidas, pelo menos durante os primeiros 30 a 50 anos de vida, anos em que é mais produtiva.

 

Repouso Vegetativo (rv)
Depois da vindima, com as temperaturas a descerem continuamente, quanto mais nos aproximamos do inverno, a videira deixa de ter condições para suportar a sua actividade e entra em repouso vegetativo.
As folhas caem e é nesta altura que se realiza a poda de inverno, sendo esta uma das intervenção de maior importância. Esta poda permite retirar varas supérfluas ou doentes e regular a produção, o que tende a aumentar a qualidade da restante produção.
A poda também pode ser feita para formar e conduzir novas plantas (poda de formação).

Choro
No final do inverno, início da primavera, devido ao fim das temperaturas baixas que começam a permitir a actividade enzimática da planta, ocorre o choro dos gomos (derrame da seiva da planta), que marca iguamente a altura em que a planta sai do repouso vegetativo (período de dormência).

Abrolhamento
O abrolhamento marca o início do ciclo vegetativo e reprodutor da videira.
Os gomos dos nós deixados pela poda cobrem-se de uma substância que parece algodão, da qual brota um aglomerado verde, formado por folhas novas que, posteriormente, se separam ficando completamente visíveis.
A rebentação da planta depende do local onde se encontra e da quantidade de sol ou calor que lhe chega. Nem todas começam este ciclo vegetativo na mesma altura.
E se, devido a temperaturas mais altas fora de época, a planta iniciar o ciclo vegetativo demasiado cedo, pode sofrer reveses com as geadas primaveris.

Crescimento Vegetativo
A par e passo do ciclo vegetativo e reprodutor da planta, a mesma também começa o crescimento vegetativo.
Alguns problemas podem ocorrer nesta fase, sobretudo se chover aquando da floração, que poderão resultar em desavinho, que prejudica bastante a produção, pois os bagos não crescem nem se desenvolvem.

 

Floração e Vingamento
Passagem bem sucedida da flor ao fruto (bago), que só o será se a planta tiver nutrientes sufucientes e na qual o estado do tempo também tem um papel importante, relativamente ao sucesso da polinização e fecundação para que o fruto vingue nas videiras.

 

Período Herbáceo
Ocorre sensivelmente entre a a floração e o pintor.
Os bagos primeiro são pequenos, verdes e duros.
Enquanto vão aumentando lentamente de tamanho, a película vai-se tornando mais elástica e a polpa menos dura.
Entre o surgimento dos bagos, as suas alterações em tamanho e alterações na sua composição química, podem surgir alguns problemas, como o apodrecimento e o míldio.

 

Pintor
A ausência, até então, de compostos corantes e um domínio predominante de aromas herbáceos presente no período herbáceo cessa e dá lugar a modificações significativas na estrutura e composição do bago.
O bago ganha uma consistência elástica e cobre-se de uma espécie de cera, com a aparência de um pó muito fino, chamado pruína. Quimicamente, a clorofila diminui e o bago deixa de conseguir fazer fotossíntese.
Ocorre também um abrandamento no crescimento do bago.
A concentração de polifenóis aumenta gradualmente, o que leva a uma alteração da coloração dos bagos. Nas uvas brancas, de verde para amarelo-translúcido. Nas tintas, começa por um vermelho-claro que se intensifica com o tempo.
A cor dos bagos muda tão repentinamente que podem, num só dia, mudar totalmente de cor. Nesta fase, o teor de açúcares aumenta e o teor de ácidos decresce, simultaneamente.

Maturação e Sobrematuração
Começa no pintor e é o que determinará a escolha da data da vindima (provando bagos todos os dias ou com bastante frequência, até estarem na maturação ideal).
Nesta fase, o bago continua a aumentar de tamanho atingindo a sua dimensão máxima. Há igualmente um crescimento da polpa em relação à película.
A concentração de açúcar continua a aumentar e a dos ácidos a diminuir.
A concentração de taninos na graínha e na película diminui e os taninos de adstringência áspera desaparecem.
A concentração de polifenóis aumenta, enriquecendo ainda mais a coloração dos bagos.
Aromaticamente, assistimos a uma diminuição dos aromas herbáceos e à síntese dos outros, de interesse enológico.
Caso a maturação ideal seja ultrapassada, as trocas entre o bago e a videira cessam e o bago começa a perder peso devido à desidratação, levando a uma maior concentração de açúcares e ácidos. Daí advém os nomes dados aos vinhos doces de sobremesa não-fortificados: Late harvest / Vindimas tardias / Colheitas tardias; porque são vindimados mais tardiamente em relação aos outros, com as uvas em sobrematuração ou já em podridão nobre.

Vindima
A data da vindima é, portanto, marcada com base no estado de maturação das uvas e do estilo de vinho pretendido pelo enólogo. Falaremos mais sobre esta intervenção humana na videira no próximo artigo.

 

Atempamento
Entre o pintor e a queda das folhas ocorre o atempamento das varas, que se tornam castanhas e mais resistentes, de aspecto lenhoso.

Queda da folha
Com o início do inverno, as folhas secam e caem, as temperaturas baixam e a planta entra em repouso vegetativo.

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