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VINHOS DE GUARDA, MITOS E FACTOS

Um vinho de guarda é um vinho que sabemos de antemão que evoluirá bem em garrafa, podendo ou não estar já pronto a beber no imediato.
Alguns vinhos precisam efectivamente da micro-oxigenação da guarda para ficarem aptos a serem bebidos, estando demasiado "duros" quando novos.

Na garrafa podem ir melhorando nuances, polindo arestas, integrando a barrica com a fruta, equilibrando alguma nota que no momento ainda possa estar demasiado evidenciada, mascarando as outras.

Como sabemos que um vinho pode ser guardado durante algum tempo e tem capacidade de evolução?

O mais importante, para que tal guarda aconteça positivamente, é que o vinho tenha a acidez alta e o PH baixo.
Depois, tem que ter tanino, que podem ser provenientes tanto da uva como da barrica.
E, por fim, graduação alcoólica q.b., mas, como muitos acreditam, não influencia assim tanto.

Há castas que, por si só, têm muita acidez, como por exemplo o Esgana-Cão (que pelo nome se percebe o quão ácida é, também conhecido por Sercial da Madeira) o Arinto, o Avesso da região dos Vinhos Verdes e o Rabigato do Douro nos vinhos brancos. Nas castas estrangeiras temos o Riesling, o Gewurztraminer e o Chardonnay, por exemplo.
Nos tintos temos a Baga da Bairrada, o Vinhão na região dos Vinhos Verdes, a Trincadeira e, na região de Lisboa, o Castelão. Usadas sozinhas ou num blend, conseguirão levar o vinho mais longe no tempo. Nas castas estrangeiras temos o Sangiovese, o Nebbiolo, o Grenache, o Cabernet Franc e Sauvignon, o Tannat e o Syrah.

Quanto aos taninos, como a maior concentração dos mesmos se encontra na película do bago da uva e os tintos são vinificados com as mesmas, aprendemos que os vinhos tintos são mais tânicos que os vinhos brancos.
Mas com os brancos de maceração pelicular e de talha já não é bem assim.
Quanto mais grossa a película da uva for, mais taninos terá, geralmente.
Algumas das castas mais tânicas são o Tannat (que, como o nome indica, é a casta mais tânica de todas), o Cabernet Sauvignon, o Malbec, o Petit Verdot, o Tinta Roriz, o Baga, o Touriga Nacional, o Alfrocheiro e o Sousão.

Há também transferência de taninos das barricas para o vinho, daí termos a “ideia” de que os vinhos reserva (que normalmente têm estágios em barrica) podem ser guardados por mais tempo. Porque este estágio em barrica de carvalho dá ao vinho taninos extra.
Mas nem só os vinhos reserva têm estágio em barricas. Há muitos brancos, tintos, single vineyard e até vinhos da região dos Vinhos Verdes com estágio em barricas ou balseiros, com ou sem maceração pelicular ou estágio com as borras finas.
Tudo isto ajudará o vinho a ganhar taninos que os ajudarão a proteger dos efeitos do tempo ou da oxidação.

Um vinho com estas características poderá evoluir em garrafa oito a dez anos, ou até mais.
Mas terá que estar num local seco e fresco, sem luz do sol directa nem mudanças de temperatura durante o dia.
Se a garrafa não tiver cor alguma, conserve-a o mais às escuras possível.
A humidade excessiva da cave ou da sala poderá estragar as rolhas, escolha um local seco ou coloque um desumidificador por perto.

E, não se esqueça, beba os seus tesourinhos antes que o tempo os leve a ficarem magros e sem alma! Pode sempre comprar outros…

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