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Regiões Vitivinícolas de Portugal - AÇORES

Os vinhos nesta região podem ter as seguintes:
- IG Açores
(indicação geográfica protegida)
- DO Biscoitos
- DO Pico
- DO Graciosa
(denominação de origem controlada / denominação de origem protegida)


A Denominação de Origem está dividida em três Sub-Regiões:
(a Região do Algarve é composta por 3 Sub-Regiões)
1. Graciosa
2. Pico
3. Biscoitos


O arquipélago dos Açores, composto por nove ilhas, situa-se no oceano Atlântico, a uma distância de 1.600km a Oeste da costa continental portuguesa, a meia distância entre os continentes europeu e norte-americano.
A cultura expandiu-se até à maioria das Ilhas, ocupando principalmente áreas junto ao mar e solos pouco evoluídos, zonas que apresentavam melhores condições para o desenvolvimento da cultura.
A crise verificada no século XIX com o aparecimento do oídio, primeiro, e da filoxera e míldio posteriormente, leva à decadência da cultura e à introdução de produtores directos, mantendo-se apenas com significado o cultivo das castas europeias tradicionais nas ilhas do Pico, Terceira e Graciosa.

A influência marítima está patente na precipitação elevada e nas temperaturas amenas ao longo de todo o ano.
Situados em pleno oceano, os Açores sofrem obviamente a influência de um clima marcadamente marítimo, caracterizado por temperaturas amenas de fraca amplitude térmica diária e anual, pluviosidade elevada e elevadas percentagens de humidade relativa do ar. Neste contexto, não é fácil ciar uvas para o fabrico de vinho no Arquipélago dos Açores, pese embora o facto da vinha localizar-se, essencialmente, a baixa altitude.
Nas zonas de cultura da vinha a temperatura média do mês mais frio do ano (Fevereiro) não desce abaixo dos 11°C nem a temperatura máxima do mês mais quente (Agosto) sobe além dos 26°C, com cerca de 1 800 horas de Sol por ano e uma pluviosidade mensal significativa que no mês menos pluvioso de Julho ronda os 30 litros/ m2 e uma humidade relativa do ar que se mantem durante todo o ano entre os 75% e os 85%. Perante estas condições, a vinha tem que se confinar a locais que natural ou artificialmente possibilitem microclimas mais propícios ao seu cultivo. Por isso, se algo marca fortemente a cultura da vinha nos Açores é o modo tradicional de a conduzir.
O vento e os sais marítimos que estes arrastam para terra sempre foram os principais inimigos das videiras nestas terras açorianas e desde muito cedo se encontrou forma de os combater. Os típicos ‘currais’ ou ‘curraletas’ (os nomes variam conforme a ilha de origem) são o exemplo vivo do saber antigo açoriano.


«O clima é ameno e muito húmido durante todo o ano, com mudanças repentinas. Os açorianos costumam dizer que as 4 estações do ano são possíveis num só dia. As vinhas açorianas são por si só sobreviventes ávidas. Fruto de uma viticultura in extremis, resistem à salinidade, ventos, ausência de solo, grande proximidade ao mar e água salobra. Escudadas dos ventos pelos currais de pedra, criteriosamente construídos pelo homem há mais de 500 anos e Património da Unesco, oferecem proteção do vento e da salinidade que é ''borrifada'' na rebentação das ondas, identidade da paisagem.» - António Maçanita Winemaker


Os solos muito pobres são de origem vulcânica.
Localizado na zona de contacto das placas Americana, Europeia e Africana, a sua origem é vulcânica e relativamente recente, apresentando, por isso, solos pouco espessos, constituídos por rochas basálticas, traquites, andesites e formações argilosas. No Pico, o solo destinado à cultura da vinha é constituído por mantos de lava basáltica relativamente recente que dão origem aos chamados terrenos de pedra queimada.
Segundo o grau de degradação temos dois subtipos de solos: ‘os mistérios’, formados por lavas de erupções basálticas ocorridas nos séculos XVI e XVII, nos quais a rocha-mãe apenas começa a ser alterada; e os constituídos por lavas basálticas em ‘crosta de pão’, mais evoluídos que os anteriores e que constam fundamentalmente duma camada de escória vulcânica desagregada.
O primeiro é designado ‘Chão de Lagido’ e o segundo ‘Chão de Biscoito’. Ambos incluem-se nos solos litólicos não húmidos e litossolos, sobre substrato consolidado de basaltos ou rochas afins, correspondente a lavas recentes, associadas a afloramentos rochosos, por vezes com material pedregoso disseminado e manto lávico consolidado à superfície.
Como forma de fazer escapar as cepas às agruras dos ventos, depois de desbravado o terreno, erguiam-se paredes paralelas de pedra solta com cerca de um metro de altura no sentido do maior comprimento que formavam as chamadas ‘canadas’ ou ‘tornas’. Estas eram subdivididas em espaços regulares pelos ‘travezes’ ou ‘travessas’. Estes espaços tomam o nome de ‘currais’ (rectângulos de terreno com cerca de 6 / 2,5 metros) e não fora a enorme quantidade de mão de obra que implicam ainda hoje seriam a forma mais sensata de plantar vinhas nos Açores, ficando esta como que enterrada no ‘curral’, que funciona como uma estufa e que a protege dos ventos marítimos.
Presentemente as vinhas são plantadas recorrendo a meios menos dispendiosos e mecanizáveis. As novas plantações fazem a terraplanagem do terreno ao qual se segue a sua adubação e posterior colocação de um areão preto ou vermalho designado ‘bagacina’ com espessura compreendida entre os 10 e os 20 centímetros, sendo depois a vinha plantada em bardos e posteriormente aramada.
A bagacina preta permite maior facilidade na implantação do sistema radicular da planta, o aumento da temperatura do solo e facilidade no combate a infestantes (Afonso, 2000).
Na Terceira, os solos vitícolas são litólicos não húmidos e litossolos, sobre substrato consolidado de basaltos ou rochas afins, andesitos e traquitos, em geral correspondente a lavas recentes, frequentemente associados a afloramentos rochosos e por vezes com material pedregoso disseminado.
Na Graciosa, os solos são pardo-andicos, normais e pouco espessos, e solos rególicos derivados de rochas basálticas ou de materiais piraclásticos assentes sobre rocha basáltica a pouca profundidade.


Os Açores são constituídos por três denominações de origem, Graciosa, Biscoitos (na ilha Terceira) e Pico.
Historicamente, as vinhas foram estabelecidas dentro de currais, resguardadas das intempéries pelas paredes de pedra vulcânica que, libertando o calor acumulado durante o dia, ajudam a aquecer as vinhas durante a noite, protegendo-as igualmente da agressividade e inclemência dos ventos marítimos.

Estas ilhas foram colonizadas em meados do Séc. XV, pensando-se que foram os Frades Franciscanos quem nelas introduziram o plantio da vinha; na época constataram semelhanças entre as condições edafoclimáticas da Sicília (Itália) em algumas ilhas do arquipélago, tendo trazido várias plantas da casta mais conhecida: o Verdelho (antigo
 Verdecchio siciliano, segundo alguns investigadores); cuja expansão foi rápida e abundante.

O vinho produzido tornou-se famoso e foi largamente exportado durante o século XVII e XVIII.
Nomeadamente os produzidos na ilha do Pico, foram exportados para a Rússia e para a maioria dos países do norte da Europa.
Curiosamente, depois da revolução bolchevique em 1917, foram encontradas garrafas de Vinho Verdelho do Pico armazenadas nas caves dos antigos Czares da Rússia.



As castas predominantes na denominação de origem Graciosa são o Arinto dos Açores, Boal, Fernão Pires, Terrantez do Pico e Verdelho.
Nas denominações de origem Biscoitos e Pico, as variedades preponderantes são o Arinto dos Açores, Terrantez do Pico e Verdelho.
Os vinhos generosos açorianos, nascidos em condições extremas, oferecem uma frescura e acidez notáveis.

A qualidade e o prestígio dos vinhos dos Açores são conhecidos de longa data, facto que levou a que fossem reconhecidas três Indicações de Proveniência Regulamentada: "Pico", "Graciosa" e "Biscoitos".

O IPR "Pico" é um vinho licoroso branco, produzido na Ilha com o mesmo nome, a partir de uvas cultivadas em terrenos pedregosos.
A área de vinha é muito reduzida e as parcelas são cercadas de pedra solta a que dão o nome de "currais", cuja finalidade é de proteger as plantas da acção dos ventos.

A área geográfica abrange os concelhos da Madalena (freguesias da Madalena, Candelária, Criação Velha e Bandeiras), São Roque (freguesia de Santa Luzia e parte da freguesia da Prainha, lugar da Baía de Canas) e Lages (freguesia da Piedade, nos lugares de Engrade e Manhenha), em áreas de altitude igual ou inferior a 100 m.
Teor de álcool mínimo de 16% vol.
Castas Brancas: Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico.
Estágio obrigatório de 36 meses em cascos de madeira.
Características organolépticas: vinho licoroso branco, de aroma complexo a especiarias, encorpado e bem estruturado.

Na Ilha Graciosa produz-se o IPR "Graciosa", vinho branco resultante de videiras também cultivadas também em "currais".

A área geográfica abrange, no concelho de Santa Cruz, as freguesias de Santa Cruz, Guadalupe, Praia e Luz, em áreas de altitude igual ou inferior a 150m.
Teor de álcool mínimo de 10,5% vol.
Castas Brancas:Verdelho, Arinto dos Açores, Terrantez do Pico, Malvasia Fina e Fernão Pires (Maria Gomes).
Características organolépticas: vinhos brancos de grande qualidade, leves, frescos, secos e bastante frutados.

O prestigiado vinho licoroso branco "Biscoitos" é produzido na Ilha da Terceira. Esta designação deve-se ao facto de o solo ser muito pedregoso de cor escura, semelhante ao biscoito que, na época dos descobrimentos, os navegadores utilizavam como pão.
A vinha é implantada em quadrículas (curraletas), separadas entre si por muros constituídos por pedras soltas (travessas) que a protegem dos ventos.

A área geográfica abrange, no concelho da Praia da Vitória, a freguesia dos Biscoitos, em áreas de altitude igual ou inferior a 100m.Castas Brancas: Verdelho, Arinto (Pedernã) e Terrantez.
Teor de álcool mínimo de 16% vol.
Castas Brancas: Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico.
Estágio obrigatório de 36 meses em cascos de madeira.
Característicar organolépticas: vinho licoroso branco, "sui generis" (locução latina que significa "do seu género próprio")




De referir ainda o reconhecimento da Indicação Geográfica "Açores" para os vinhos tranquilos, tintos e brancos, produzidos em todo o arquipélago.












Fontes: IVV & WinesOf Portugal & Almanaque Açoriano

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