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GLOSSÁRIO DE TERMOS VÍNICOS – PARTE I



Poda:
Termo usado para o trabalho da vinha que consiste no corte, dado na Primavera, dos brotos desnecessários, dirigindo e ordenando os braços da cepa. Também pode ser usado como eliminação de uma parte dos sarmentos para obter o equilíbrio entre o desenvolvimento da planta e a sua vegetação, adaptando-a a um determinado sistema de condução (cordão, Guyot, copo ou taça, poda em lira, parreira, etc.). A poda em cordão duplo, sobre cordões de arames, é considerada a mais apropriada para a maioria das variedades nobres; contudo, algumas cepas tradicionais ainda são podadas em forma de taça. O sistema de condução em parreira, habitual para as uvas de mesa, é sobreprodutivo pelo que não é adequado para vinhos de qualidade.


Brotos: Início do desenvolvimento de planta, ramo, folha ou flor. Sinónimos: gema, gomo ou rebento.

Cepa: Pé de videira.

Sarmento: Ramo da cepa, depois da maturação e da queda das folhas. Os sarmentos constituem a madeira do ano, a que se formou no mesmo ano, ao contrário da madeira de dois anos e das velhas madeiras do braço e do tronco.

Cordão: Técnica de condução e de poda da vide que consiste em dar forma à cepa para que os sarmentos se desenvolvam sobre os arames; normalmente, são amarrados ao arame um ou dois sarmentos. Há diferentes podas de cordão (cordão Royat, duplo cordão, etc.). Também se diz da coroa ou rosário de bolhas que se formam na superfície dos vinhos espumosos; quando a primeira espuma desaparece fica o cordão, que, nos espumosos de grande qualidade, é de grande tenacidade e persistência.

Videira: Todas as videiras, selvagens ou cultivadas, pertencem ao género Vitis que compreende várias dezenas de espécies e que formam três grupos distintos por causa das suas características gerais. As videiras europeias compreendem uma só espécie: a Vitis vinifera e ocupava, antes do seu cultivo, uma área situada entre a Ásia Central e o Oceano Atlântico; as videiras americanas, situadas na América do Norte, incluem numerosas espécies e de entre elas, a leste das montanhas rochosas, cresce a espécie frutífera, Vitis labrusca. Algumas das suas variedades e híbridos cultivam-se actualmente a leste do Canadá (Ontário) para a produção de uva e de vinhos. Na zona central, existem algumas espécies resistentes à filoxera e que se utilizam como porta-enxertos como a Vitis riparia e a Vitis rupestris; no Norte, a Vitis rotundifolia e a Muscadine Grap dos americanos, diferente, do ponto de vista genético.

Filoxera: A filoxera é o nome que se dá tanto à praga como ao insecto que lhe deu origem. Foi uma praga importada inadvertidamente num barco que zarpou da Costa Leste da América para a Europa no final dos anos 1850, quando era costume os viticultores europeus importarem videiras oriundas da América do Norte. É um insecto minúsculo (0,3 a 3 mm de comprimento nos seus diversos estádios de desenvolvimento) sugador de seiva, aparentado com os pulgões, com um ciclo de vida muito complexo e totalmente dependente da vinha, única planta em que pode desenvolver-se. Solos arenosos impedem a formação das formas radícolas, quebrando o ciclo de vida da espécie e impedindo a sua instalação. As videiras americanas, duma espécie diferente das europeias, também são resistentes a esta praga, embora a transportem. As plantas europeias, Vitis vinifera, não resistiram e, de Inglaterra, passando por França, até chegar a Portugal, a praga devastou calamitosamente e em poucas décadas quase todas as vinhas (com a excepção de vinhas assentes em areia e as vinhas do Chile, onde a praga não se instalou) e está hoje presente em todos os continentes, sendo um dos exemplos mais marcantes do efeito humano sobre a dispersão das espécies.

Porta-enxerto: Também chamado “barbado” ou bacelo ou videira sobre a qual se enxerta o garfo, é um elemento essencial na constituição de uma vinha. Dele depende a sua qualidade, produção e longevidade. Os porta-enxertos podem-se dividir em dois grupos: variedades puras (como o Rupestris du Lot) e híbridos provenientes de cruzamentos inter-específicos, como, por exemplo, os porta-enxertos pertencentes a cruzamentos de duas espécies diferentes.

Bacelo: Termo utilizado para designar o "porta-enxerto"; o pé-de-vinha no qual se fará a enxertia com a casta desejada; este termo passou a ser usado desde os finais do século XIX, após a filoxera. Também designa uma técnica de reprodução da vinha que consiste em implantar um sarmento da planta mãe, retirando-o e cortando-o quando estiver enraizado; este método antigo só pode ser utilizado em países, que não sofrem a ameaça da filoxera e podem plantar a vinha sem enxertia, como é o caso do Chile.

Enxerto: Designa a associação de duas estruturas vegetais a fim de obter uma nova planta derivada delas; as vitis viníferas (espécie não resistente à filoxera) enxertam-se sobre pés resistentes à filoxera (porta-enxertos americanos).

Garfo: o chamado “garfo” é o enxerto da planta que pretendemos que constitua a parte aérea. O ideal é que o garfo possua alguns gomos vegetativos em estado de dormência, a partir dos quais “nascerão” novos rebentos. O garfo deve ser afiado na parte basal apresentando uma forma de cunha, sendo depois introduzido na fenda. Depois de inserimos esse enxerto no caule da outra planta, a que chamamos o “cavalo” ou porta-enxerto, devemos apertar com ráfia e depois cobrir com um unguento (para isolar o enxerto) de forma a promover a união dos tecidos bem como uma boa cicatrização. Na enxertia de garfo, o “cavalo” fornecerá os nutrientes e água necessária ao desenvolvimento do porta-enxerto.

Enxertia de garfo: Designa a operação que consiste em enxertar as plantas nas quais a borbulha não pegou bem; para tal, é efectuada uma fenda no pé americano para aí ser introduzido o garfo de Vitis vinífera; depois de bem atado, a ferida é tapada para que não entre terra e a planta é então amarrada ao tutor. Este trabalho realiza-se por norma no início do ano (normalmente em Fevereiro).




Informação retirada de: IVV | acientistaagricola

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